quarta-feira, 13 de julho de 2011

Janela

E quando elas passam duas as duas pela rua, braços dados, demonstrando uma irreal fidelidade, aspirando ser algo que ainda não são. Desejando um amor inesperado, um príncipe não... um fora da lei! Cochicham ao pé do ouvido as impressões e julgamentos dos que por elas cruzam.
E elas falam de mim, pensam que eu não percebo, mas eu as vejo bem daqui. Olham para mim e riem, como se eu tivesse a responsabilidade de ter ficado velha e bonita, mau sabem que ficarão tão velhas e tão enrugadas quanto eu. Talvez usem um pouco mais de maquiagem, tentando esconder atrás da massa quem realmente são. Pobre do marido, se arranjarem um.
Passa todo o tipo de gente curiosa aqui na rua. O carpinteiro descalço. Os garotos tri-gêmeos, que apesar de serem diferentes estão sempre vestidos iguais. E as meninas que andam em parzinho. Delas gosto mais, me faz lembrar de um tempo que não volta, mas que se repete em frente a minha janela.
Ah, e tinha também esse menino que me olhava pela janela. Escrevi até um poema sobre ele.

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